OBJETIVO GERAL

OBJETIVO GERAL: Criar e fortalecer comunidades eclesiais missionárias enraizadas na Palavra de Deus e nas realidades da diocese, tendo a missão como eixo fundamental.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

“QUEM TEM OUVIDOS PARA OUVIR, OUÇA”

ROMARIA DA TERRA E DA ÁGUA
Açailândia – Piquiá
10-11 de setembro de 2011
Diocese de Imperatriz -
Maranhão
Amigos do Maranhão, valeu a pena estar presentes nesta Romaria.

Ao término desta bonita representação, feita com compromisso, fé e amor pelos jovens de Zé Doca, com a colaboração do prof. Nonato, aos quais agradeço bastante, tenho algumas poucas comunicações a fazer a respeito da nossa realidade.

Sou Dom Carlo Ellena, bispo da Diocese de Zé Doca que já foi sede da Romaria da Terra e das águas no ano de 2005.

1. Zé Doca está presente nesta Romaria Regional. Zé Doca se preparou mais do que alguém pensou. As 1300 cartilhas foram estudadas em grupos paroquiais e viemos em doze conduções, entre vans e ônibus. Estamos alegres: unimos os nossos gritos aos gritos do Maranhão todo; lamentamos o que o Maranhão todo lamenta e choramos sobre os males que afetam a natureza, as pessoas na saúde delas, as famílias por causa da ganância de poucos e a exploração de muitos. Deus tenha pena dos sofredores e converta os que causam tantas desgraças aos pobres.

2. Sentimos que os problemas que atingem a nosso povo são muito pesados:

· O desmatamento continua com métodos cada vez mais aperfeiçoados. As clareiras deixadas pelas árvores abatidas estão aumentando dia a dia.

· A droga, desde aquela mais leve até às mais destruidoras, marcam presença em todos os níveis da sociedade zedoquense: nas portas dos colégios, nos fundos de quintal, nas esquinas das ruas... com uma capacidade e perspicácia de organização que faz medo. Os usuários, jovens e menos jovens, começam querendo experimentar e, quando se dão conta do estrago no corpo, na alma e na vida toda... as curas se tornam difíceis se não impossíveis. Aí quem começa a sofrer é a família: verdadeiros casos de desespero e enlouquecimento, de profunda depressão.

· A violência, em todas as suas formas, se apresenta aos olhos de todos:

- assaltos em casa particulares e pelas ruas,

- destruição do patrimônio comunitário,

- roubos para alcançar poucos Reais suficientes para comprar uma pedra de crak, um cigarro de erva ou uma dose de qualquer tipo de droga,

- assassinatos de visual horrendo e indescritível,

- trânsito veicular (motos e carros) suicida e homicida, onde não se respeita a mão direita ou a mão esquerda, o senso ou o contra-senso, ultrapassando pela direita e pela esquerda, cortando de improviso na frente de qualquer veículo... freqüentemente o motorista ou motoqueiro não tem carteira de habilitação. Isso tudo favorecido pela completa falta de sinalização seja ela vertical ou horizontal, pela falta de fiscalização ou até pela corrupção na fiscalização...

- sem falar da violência sexual e da bebida alcoólica distribuída sem dor de consciência para pessoas de qualquer idade,

- e o pior: isso tudo incentivado, promovido, propagandeado a todo volume pelos meios de comunicação. Escutando o som automotivo que grita: “na festa tal haverá mulheres bonitas à vontade, haverá cerveja aos baldes” todo mundo entende que tudo é liberado, tudo é lícito, tudo é dominado; até o incentivo ao sexo livre é promovido, basta ter no bolso ou na carteira a camizinha que, freqüentemente, é doada de graça pela Prefeitura ou secretaria ou outra instituição. E não se dão conta que é a melhor e maior causa de adolescentes (e meninas) grávidas, de famílias que se desfazem e fracassam, de homicídios e sofrimentos que só Deus sabe.

* Por fim: os nossos irmãos índios: explorados, literalmente chutados, caçados, afugentados, procurados por fazendeiros e madeireiros para acabar com eles: este é um testemunho dado por eles mesmos no acampamento indígena acontecido em Zé Doca no ano passado 2010. As terras invadidas, os rios poluídos, as caças dizimadas...

O que resta ao índio da Diocese de Zé Doca? Resta a cachaça, a doença, o pedir esmola, a falta de instrução, o desespero, a depressão e o abandono por parte da sociedade.

O que a Diocese de Zé pode fazer ou está fazendo? A luta é grande, o inimigo está com muito poder. A nós resta gritar, gritar e gritar junto com todos vocês até que a nossa voz seja ouvida. O Evangelho está aí e nos diz que o Reino se constrói aos poucos, com poucas pessoas, com o fermento do amor e da disponibilidade.

“Fazendo coisas pequenas
Em lugares não muito importantes
Produzindo coisas grandiosas e maravilhosas!”
(Prov. Chinês – Dom Moacyr – XII° Intereclesial das CEBs – Porto Velho – RO)


A ladainha dos grandes e graves problemas poderia continuar; outras Dioceses ou instituições já disseram, outras ainda irão nos informar.

“QUEM TEM OUVIDOS PARA OUVIR, OUÇA”

Por: Dom Carlo Ellena
Bispo de Zé Doca-MA

Nenhum comentário:

Postar um comentário