OBJETIVO GERAL

OBJETIVO GERAL: Criar e fortalecer comunidades eclesiais missionárias enraizadas na Palavra de Deus e nas realidades da diocese, tendo a missão como eixo fundamental.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

QUARESMA? DE NOVO?

“QUARESMA? DE NOVO?”
        Assim mesmo respondeu Beppy à mãe que o informava e advertia: “Depois das festas de Carnaval, nós todos, papai, mamãe, Loredana sua irmã e você, iremos até à Matriz para receber as cinzas sobre nossas cabeças, pedir perdão do nossos erros e começar a Quaresma. No mesmo dia haverá também – assim me falou padre Luís – a abertura da Campanha da Fraternidade 2012”. Este ano iremos refletir e rezar para que todos tenham muita saúde, e os hospitais do Brasil todo sejam bem melhores, mais equipados e atendam com carinho a todos os doentes”.
        “Quaresma? Campanha da Fraternidade? De novo, mamãe” – falou Beppy, pisando forte no chão e se jogando no sofá.
               Pois é: quaresma, de novo!!
               Refletindo sobre esta resposta de Beppy, pensei no “tempo”. O tempo, para mim, é a “coisa” mais honesta e justa que possa existir. Um ano, um mês, uma semana, um dia, uma hora, um minuto, um segundo... tem a mesma duração para todos os homens de todos os tempos e de todas as latitudes. Aí sim que não há distinção de pessoas. O cumprimento de um segundo é exatamente igual para o rico e para o pobre, para o branco e para o negro, para o ‘estudado’ e para o analfabeto...
             Todos iguais perante o tempo, mas, no entanto, o tempo não é igual para todos, não é vivido de maneira igual para todos.
        Uma hora, para quem está vivendo uma situação de alegria,  como a formatura, um aniversário, uma conquista, uma promoção...  aparece tão curta que dá vontade  da hora ter mais dos sessenta minutos... dá vontade de esticar o tempo, quase pudesse parar para viver melhor  e com mais intensidade aquela situação de alegria.
        A mesma hora, para quem está num hospital ou está sofrendo um momento triste como o falecimento de um filho, uma doença incurável, um fracasso na vida, um acidente, uma dificuldade familiar, uma preocupação financeira... parece tão longa, dolorosa, demorada demais, parece não passar nunca...
              Talvez, inconscientemente, Beppy viveu esta situação quando deu aquela resposta à mãe. Há também o ditado: “Esta ou aquela coisa é longa, demorada como a Quaresma”. Não é o fato dos quarenta dias, mas a sensação que os quarenta dias sejam mais cumpridos do que outros quarenta dias do ano. Esta idéia passou no nosso inconsciente e vivemos a Quaresma como um momento pesado, que gostaríamos passasse logo, bem ligeirinho e a Páscoa fosse já bem aí, na próxima semana.
              Por que tudo isso?
        Talvez porque pensamos ainda o tempo de Quaresma como momento triste, sem alegria alguma, a ser vivido de cara fechada, sem sorrisos; talvez por não entender, ou não levar suficientemente a sério, os compromissos quaresmais. A Quaresma é tempo de seriedade, compromisso e austeridade, mas não de tristeza.
        A nós, que não temos o costume – mas que é também uma necessidade - da oração, da reflexão, da meditação sobre a Palavra de Deus, a Quaresma pede mais oração: nós achamos isso pesado e, por isso, o tempo não passa.
              A nós, que não temos o costume de aceitar e oferecer a Deus momentos difíceis da vida - embora não possamos fugir destes momentos de sacrifício - a Quaresma nos pede jejum e sacrifícios, até procurados, para treinar e fortalecer o nosso espírito e colaborar com o Sacrifício de Cristo, em desconto dos nossos pecados.
Por isso o tempo não passa.
              Lembro que, em outros tempos, nas famílias cristãs, cada componente escolhia um gesto para ser vivido durante os quarenta dias: o pai, por exemplo, escolhia de não fumar ou de não tomar cafezinho...; a mãe escolhia de não ir toda semana no salão...; os filhos escolhiam de não comer sorvete, não comprar historinhas em quadrinhos... e - o compromisso maior - colocar numa caixinha o dinheirinho poupado e levar o “bolo”, ao término da Quaresma, ao Padre Luís, na Matriz em favor da Campanha da Fraternidade. Sim, porque viver bem a Quaresma é também praticar mais a caridade, saber olhar para quem precisa do nosso apoio e do fruto dos nossos sacrifícios.
              Por todos esses motivos, Beppy exclamou: “Quaresma? De novo?”.
        “Coisas de outros tempos” - alguém poderia dizer. Mas eu sei que, no mundo todo, em todas as Igrejas, estes são os compromissos pregados para todos os cristãos. A Palavra de Deus está aí, bem clara. Juntando os esforços e as pequenas colaborações de adultos e pequenos, a Igreja do Brasil, por exemplo, está realizando grandes projetos. Sobretudo o projeto que, na verdade, é uma necessidade, de nos educarmos mais à oração, ao sacrifício em favor dos irmãos e à caridade.
              O tema da Campanha da Fraternidade completa o projeto sensibilizando a sociedade inteira sobre um problema crucial da vida humana. Este ano é a saúde: “Que a saúde si difunda sobre a terra” (Eclo 38,8). 
Boa Quaresma em vista de uma Feliz Páscoa!

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