A 12º Romaria da Terra e das Águas em Chapadinha – MA, com o tema: “Territórios livres para o Bem viver dos Povos” e Lema: “Tire as Sandálias! O lugar onde estás é chão sagrado” (Ex. 3,5). Há 30 anos a romaria configura-se como um grito profético que denuncia o latifúndio, as secas de fome e de morte, a violência contra famílias de trabalhadores e os grandes projetos do nosso estado.
Esta romaria foi a primeira que a jovem Paróquia de Centro Novo do Maranhão participou entre outras Paróquias da Diocese de Zé Doca, entre os diversos gritos proféticos lá ecoados muitos chegam até a nossa paróquia, que aqui queremos destacar.
A mineração

A mineradora Jaguar Mining prometia em 2011 investir R$ 280 milhões na implantação do Projeto de Ouro Gurupi, no município de Centro Novo do Maranhão. O investimento iria, segundo eles, gerar mil empregos diretos durante a obra e mais 650 na fase de operação. Os detalhes do projeto foram apresentados à então Governadora Roseana Sarney.
Segundo um estudo de viabilidade conduzido na área em 2005, o depósito tem 35,8 milhões de minério com um teor médio de 1,35 g/t de ouro. A previsão era que as atividades tivessem início em meados de 2011. Lúcio Cardoso afirmava na época: "ao que tudo indica, o futuro na área de mineração no Maranhão é muito promissor”.
A mineradora deveria produzir ouro até agosto de 2012. A vida útil estimada do projeto é de 20 anos. A expectativa de encargos sociais gerados com o investimento é de R$ 15 milhões por ano e R$ 5,5 milhões de ISS durante a obra.
No entanto, a Justiça Federal do Maranhão suspendeu a licença de instalação do Projeto Gurupi, da canadense Jaguar Mining, em Centro Novo do Maranhão. A decisão impediu que a empresa construísse a usina de beneficiamento de ouro no município, sob pena de multa diária de R$ 25 mil em caso de descumprimento. Além da Jaguar, também andou na região fazendo diversas promessas a mineradora MCT.
A Igreja não é contra a mineração, pois a mineração é importante para a sociedade. Mas defendemos que ela deve ser realizada na medida essencial, com controle de ritmos e taxas de extração, com respeito às comunidades locais e ao meio ambiente.
O desmatamento

O ciclo da madeira visa arrancar a floresta de nossa região, destruindo com tratores tudo que está a sua volta e quando começa aparecer o fantasma da extinção da floresta surge os grandes fazendeiros, dando assim um novo ciclo de exploração.
Portanto, a Reserva Biológica do Gurupi sofre ameaças ao seu território desde que foi criada. Grupos de madeireiros e pequenos agricultores, que vivem dentro dos limites da reserva, destroem a floresta para exploração ilegal de madeira, criação de gado, trabalho escravo e plantações de maconha. Há também conflitos entre colonos, grileiros, sem-terras, e povos indígenas aliciados ao garimpo. Todos estes fatores colocam em risco a existência da Reserva, a sua alta biodiversidade e da vida dos povos que habitam as três Terras Indígenas que a circundam: Alto Turiaçú, Awá e Carú.
Desta forma, a 12º Romaria da Terra e das Águas é um grito que ecoa não somente em Centro Novo do Maranhão, mas em toda a nossa região e, portanto, a critica a esse modelo de desenvolvimento é constatada a partir de um vírus muito mais incisivo e menos evidente: a necessidade induzida de consumir, que por sua vez nos consome. A promessa de desenvolvimento chegou nesta região e plantou facilmente sua semente, num contexto de comunidades pobres, privadas de seus direitos essenciais, ignoradas pelo poder publico, mas, no entanto, nós enquanto igreja estamos atentos a tudo isso e não vamos nos calar tendo a certeza que: “do Senhor é a terra com o que ela contém, o universo e os que nele habitam” (sl 24, 1).
Por: Padre Elinaldo C. Nunes
Por: Padre Elinaldo C. Nunes
Nenhum comentário:
Postar um comentário