OBJETIVO GERAL

OBJETIVO GERAL: Criar e fortalecer comunidades eclesiais missionárias enraizadas na Palavra de Deus e nas realidades da diocese, tendo a missão como eixo fundamental.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

12º ROMARIA DA TERRA E DAS AGUAS: Um grito que ecoa até Centro Novo do Maranhão

A 12º Romaria da Terra e das Águas em Chapadinha – MA, com o tema: “Territórios livres para o Bem  viver dos Povos” e Lema: “Tire as Sandálias! O lugar onde estás é chão sagrado” (Ex. 3,5). Há 30 anos a romaria configura-se como um grito profético que denuncia o latifúndio, as secas de fome e de morte, a violência contra famílias de trabalhadores e os grandes projetos do nosso estado.

Esta romaria foi a primeira que a jovem Paróquia de Centro Novo do Maranhão participou entre outras Paróquias da Diocese de Zé Doca, entre os diversos gritos proféticos lá ecoados muitos chegam até a nossa paróquia, que aqui queremos destacar.

A mineração 

Centro Novo do Maranhão tem uma área de 8 294,828 km², sendo assim, o segundo maior município em extensão do Maranhão e também um rico território em recursos naturais, sobretudo em recursos minerais de uma forma que desperta interesses em algumas mineradoras em explorar estes recursos como a mineradora Jaguar Mining e MCT.  

A mineradora Jaguar Mining prometia em 2011 investir R$ 280 milhões na implantação do Projeto de Ouro Gurupi, no município de Centro Novo do Maranhão. O investimento iria, segundo eles, gerar mil empregos diretos durante a obra e mais 650 na fase de operação. Os detalhes do projeto foram apresentados à então Governadora Roseana Sarney. 

Segundo um estudo de viabilidade conduzido na área em 2005, o depósito tem 35,8 milhões de minério com um teor médio de 1,35 g/t de ouro. A previsão era que as atividades tivessem início em meados de 2011. Lúcio Cardoso afirmava na época: "ao que tudo indica, o futuro na área de mineração no Maranhão é muito promissor”.

A mineradora deveria produzir ouro até agosto de 2012. A vida útil estimada do projeto é de 20 anos. A expectativa de encargos sociais gerados com o investimento é de R$ 15 milhões por ano e R$ 5,5 milhões de ISS durante a obra. 

No entanto, a Justiça Federal do Maranhão suspendeu a licença de instalação do Projeto Gurupi, da canadense Jaguar Mining, em Centro Novo do Maranhão. A decisão impediu que a empresa construísse a usina de beneficiamento de ouro no município, sob pena de multa diária de R$ 25 mil em caso de descumprimento. Além da Jaguar, também andou na região fazendo diversas promessas a mineradora MCT. 

A Igreja não é contra a mineração, pois a mineração é importante para a sociedade. Mas defendemos que ela deve ser realizada na medida essencial, com controle de ritmos e taxas de extração, com respeito às comunidades locais e ao meio ambiente. 

O desmatamento

Mais de 53 % da Reserva Biológica (REBIO) do Gurupi está dentro do município de Centro Novo do Maranhão.  Esta reserva é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral criada através do Decreto nº 95.614 de 12 de janeiro de 1988, com uma área de 341.650 ha, abrangendo além de Centro Novo do Maranhão, os municípios de Bom Jardim e São João do Carú.

O ciclo da madeira visa arrancar a floresta de nossa região, destruindo com tratores tudo que está a sua volta e quando começa aparecer o fantasma da extinção da floresta surge os grandes fazendeiros, dando assim um novo ciclo de exploração. 

Portanto, a Reserva Biológica do Gurupi sofre ameaças ao seu território desde que foi criada. Grupos de madeireiros e pequenos agricultores, que vivem dentro dos limites da reserva, destroem a floresta para exploração ilegal de madeira, criação de gado, trabalho escravo e plantações de maconha. Há também conflitos entre colonos, grileiros, sem-terras, e povos indígenas aliciados ao garimpo. Todos estes fatores colocam em risco a existência da Reserva, a sua alta biodiversidade e da vida dos povos que habitam as três Terras Indígenas que a circundam: Alto Turiaçú, Awá e Carú. 

Desta forma, a 12º Romaria da Terra e das Águas é um grito que ecoa não somente em Centro Novo do Maranhão, mas em toda a nossa região e, portanto, a critica a esse modelo de desenvolvimento é constatada a partir de um vírus muito mais incisivo e menos evidente: a necessidade induzida de consumir, que por sua vez nos consome. A promessa de desenvolvimento chegou nesta região e plantou facilmente sua semente, num contexto de comunidades pobres, privadas de seus direitos essenciais, ignoradas pelo poder publico, mas, no entanto, nós enquanto igreja estamos atentos a tudo isso e não vamos nos calar tendo a certeza que: “do Senhor é a terra com o que ela contém, o universo e os que nele habitam” (sl 24, 1).


Por: Padre Elinaldo C. Nunes

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