SG – Nº. 0779/16
NOTA DA CNBB SOBRE A LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS DE AZAR NO BRASIL
Uma árvore má não pode dar frutos bons (cf. Mt 7,18)
A Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil-CNBB, através de sua Presidência, acompanha com apreensão a
avançada tramitação na Câmara de Deputados e no Senado Federal do PL
442/91 e do PLS 186/14, que têm como objetivo regulamentar a exploração
de jogos de azar no país. Reafirmamos o nosso histórico posicionamento
acerca desta questão, rejeitando essas novas tentativas de legalização
dos jogos de azar.
Os argumentos de que a legalização do
jogo de azar aumentará a arrecadação de impostos, favorecerá a criação
de postos de trabalho e contribuirá para tirar o Brasil da atual crise
econômica, seguem a nefasta tese de que “os fins justificam os meios”.
Esses falsos argumentos não consideram a possibilidade de associação dos
jogos de azar com a lavagem de dinheiro e o crime organizado. Os
cassinos podem facilmente transformar-se em instrumentos para que
recursos provenientes de atividades criminosas assumam o aspecto de
lucros e receitas legítimas. Preocupa-nos a falta de uma discussão
aprofundada da questão e a indiferença de muitos frente às graves
consequências da legalização dos jogos de azar no Brasil.
Cabe-nos, por razões éticas e
evangélicas, alertar que o jogo de azar traz consigo irreparáveis
prejuízos morais, sociais e, particularmente, familiares. Além disso, o
jogo compulsivo é considerado uma patologia no Código Internacional de
Doenças da Organização Mundial de Saúde. O sistema altamente lucrativo
dos jogos de azar tem sua face mais perversa na pessoa que sofre dessa
compulsão. Por motivos patológicos, ela acaba por desprezar a própria
vida, desperdiçar seus bens e de seus familiares, destruindo assim sua
família. Enquanto isso, as organizações que têm o jogo como negócio
prosperam e seus proprietários, os “senhores do jogo”, se tornam cada
vez mais ricos. Nosso país não precisa disso!
A autorização do jogo não o tornará bom e
honesto. Conclamamos aos representantes do povo brasileiro no Congresso
Nacional a votarem contra estes projetos e qualquer outro que pretenda
regularizar os jogos de azar no Brasil. Tenham certeza de que o voto
favorável será, na prática, um voto de desprezo por nossas famílias e
seus valores fundamentais.
Contando com a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, possamos construir um Brasil justo, honesto e honrado!
Brasília, 16 de novembro de 2016.
Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário