|
|
Caríssimo Dom Jan Kot, OMI e caríssimos Padres da Diocese de Zé Doca.
Envio estas poucas linhas póstumas para o senhor e para os Padres da Diocese de
Zé Doca. Não tenho o endereço de todos. Por isso me dirijo ao senhor para
enviá-las aos Padres também, pedindo o favor às eficientes secretárias da
cúria.
Aproveito para cumprimentar a todos, rezar para a feliz superação da
pandemia. Eu estou bem, graças a Deus. Já recebi as duas doses da vacina.
Dom Jan, lhe agradeço muito pelo favor que lhe estou pedindo. Um abraço
no senhor e em todos os Padres e religiosas, sem excluir os Diáconos
permanentes, os Seminaristas Maiores e Menores e o povo em geral.
Felicidades. DC
DOM GERALDO DANTAS
DE ANDRADE
“Eu quero lembrá-lo assim”
Viajou para a
casa do Pai bem no início do dia 1º de maio. Ótima escolha de data. Chegou “nas
novas terras e nos novos céus” bem no meio de uma festa grandíssima em honra da
Mãe de todos, nada menos que a festa de Nossa Senhora rainha dos céus e dos
homens.
De fato, lá nos
céus, todos estavam se regorjeando ao som das mais bonitas músicas, todos
vestidos dos mais lindos hábitos e sentados em volta de uma mesa imensa,
coberta com as mais gostosas comidas...regadas dos mais saborosos vinhos da
região, todos de Denominação de Origem Controlada, DOC mesmo...numa enorme sala
enfeitada com as mais belas flores celestiais: só para ver e se maravilhar!
Lá chegou Dom
Geraldo, Bispo da Santa Mãe Igreja de Jesus Cristo aqui na terra: foi bem
recebido, bem acolhido, bem homenageado e abraçado por todos os convidados.
Os anjos tomaram
conta do recém-chegado, meio perdido naquele mar de festas, maravilhado, mas
sabendo que a festa era da Mãe de todos e ele era um convidado especial.
Cumprimentou a
Deus e apareceu-lhe ao lado dele, e ao mesmo tempo, o seu Filho Jesus e ao
Espírito Santo. Fez reverência à Mãe Maria e, erguendo os braços, acenou a
todos com um “viva, aleluia” e um sorriso grande assim.
Quando chegou
aqui na Itália a notícia da festa pascal de Dom Geraldo, este foi o meu
primeiro pensamento. Na verdade, não adianta esconder, esta festa era esperada,
pois as condições físicas de Dom Geraldo não davam mais alguma esperança. Fui
visitá-lo, nestes últimos anos, toda vez que eu ia a São Luís, porque eu tenho
algumas dívidas com o Dom Geraldo.
A lembrar
brevemente dois fatos: quando, no ano de 2004, o Papa São João Paulo II me
nomeou Bispo de Zé Doca, já bem próximos da Ordenação Episcopal, encontrando em
São Luís Dom Geraldo lhe expressei uma minha preocupação (não era
certamente a mais importante naquele momento, mas sempre era preocupação) por
não ter ainda o meu cajado pastoral próprio, o pastoral, a ser recebido na
Concelebração da tarde do dia 12 de junho durante a Concelebração da Ordenação
Episcopal. Ao final, o pastoral ou cajado do pastor, é sempre um sinal
importante para um Bispo: indica que ele é pastor de uma parte do rebanho de
Jesus Cristo...
Dom Geraldo me
olhou, sorriu para mim com um sorriso desse tamanho (lembro até hoje) e disse:
“Lhe dou o meu, que quase não uso: pode ficar”. Recebi, agradeci bastante e
prometi devolver logo que chegasse o meu cajado pessoal. Admirei a bondade, a
simplicidade, a disponibilidade e a liberdade dele. Obrigado Dom Geraldo.
Uns anos depois, me
convidou para acompanhá-lo numa viagem no Sul do País. Aceitei na hora: visitar
e conhecer o Sul era um sonho que levava comigo fazia muito tempo. Naquela
viagem Dom Geraldo me levou a visitar diversas cidades; conheci amigos dele,
leigos e padres companheiros seus e descobri um pouco do caráter dele. Um
grande amigo e um grande ser simpático e alegre. Todos o convidavam para um
almoço ou um cafezinho ou um bate-papo amigo... e eu sempre atrás dele, pegando
carona em qualquer momento feliz para ele e para os amigos de longa data.
Durante as
viagens de uma cidade para outra, Dom Geraldo me confessou um pouco da sua
juventude: estudos, formação severa, dificuldades, brincadeiras no Seminário,
teatros por ele mesmo inventados e presentados ao “público” alegre e sempre
batendo palmas. Descobri um Dom Geraldo brincalhão, meio artista, um pouco
regista, o dono da risada dos companheiros e da brincadeira sadia que “lava a
alma” e redimensiona o viver cotidiano da vida do Seminário, feita de estudos,
orações e pequenas descontrações...
Entendi que Dom
Geraldo tinha entrado, desse jeito, no coração dos amigos e companheiros;
entendi que ganhou a estima e a consideração de todos... e que tudo permanecia
intacto. Ao contar estas aventuras vi o rosto de Dom Geraldo se iluminar de
alegria.
Seja feliz, Dom
Geraldo, nos novos céus e nas novas terras onde transferiu sua morada, e faça
feliz São Pedro e todos os santos; ilumine com um sorriso os Anjos, os Santos
todos e também Nossa Senhora.
Nós, ainda a caminho, lhe desejamos e lhe agradecemos bastante.
Valeu, Dom
Geraldo. Sorte para mim que as distâncias não existem mais. Dá para conversar e
se ajudar ainda uns aos outros na oração que quero e prometo. Seu criado.
Dom Carlo Ellena
Bispo emérito de Zé Doca
Nenhum comentário:
Postar um comentário