HOMILIA
Ordenação Presbiteral de
MÁRCIO JUNIOR DE JESUS SODRÉ
Godofredo Viana, 29 de setembro
de 2012
1.
Esta celebração, organizada e bem preparada desde muitos meses, muito
bem frequentada e, espero, também participada com proveito e com verdadeiro
espírito cristão, oferece também a oportunidade de conhecer melhor alguns
aspectos da vida do padre:
– a caminhada
percorrida, durante 8-10 anos, pelos jovens chamados à vida sacerdotal e que se
prepararam e formaram em vista do sacerdócio;
- as dificuldades
encontradas: como foram vivenciadas, enfrentadas e superadas com a ajuda dos
formadores, dos companheiros e, sobretudo, do Espírito Santo;
- neste momento, mais
do que para os sacerdotes aqui presentes, estou refletindo junto com o povo de
Deus, que está aqui reunido e deseja conhecer melhor e aprender melhor. Os
Sacerdotes estão ao par do sentido desta celebração porque a estão vivendo no
dia-a-dia, quem mais anos quem menos anos e, penso eu, com alegria, como se
fosse hoje o início do seu sacerdócio. Foi um “sim” dado conscientemente e que
vai valer pela vida toda;
- afinal: o que quer
dizer chegar a ser Ordenado Ministro de Deus como Sacerdote? Todos nós sabemos
que este acontecimento da Ordenação não modifica o caráter, a personalidade; a
Ordenação não faz deste jovem um santo embora o ser santo seja uma exigência
importante na vivência deste Ministério;
este trabalho é feito no tempo dos estudos, do Seminário e da formação (e são
oito anos ou mais!!). A Ordenação de hoje apenas dá poderes extraordinários e
sobrenaturais a Márcio Júnior, como: perdoar os pecados, celebrar a Eucaristia,
administrar e dirigir a comunidade.
- e a tarefa do
sacerdote é, sobretudo e antes de tudo, a de evangelizar, visto que Jesus nunca
batizou, nunca fez casamentos, nunca crismou, nunca deu a Unção dos Enfermos,
nunca ordenou, mas unicamente evangelizou. Nos evangelhos aparece sim que Jesus
tenha inventado os sacramentos para transmitir a graça da redenção e da
salvação. Eles, os sacramentos, devem ser administrados pelos seus sucessores,
mas não tem sombra que ele, Jesus, tenha administrado os sacramentos. Ele era o
verdadeiro sacramento. Por isso “Cristo instituiu alguns como apóstolos, outros
como profetas, outros ainda como evangelistas, outros, enfim, como pastores e
mestres... (Ef, 4,11-13). É o caso desta Celebração de Ordenação de Màrcio
Júnior.
Proponho alguns
textos que evidenciam e enaltecem a missão do Sacerdote: a missão de
evangelizar em primeiro lugar:
* Pertinente a
escolha da leitura de Jeremias 1,4-9: “...Não tenhas medo deles, pois estou
contigo para defender-te....Eu ponho minhas palavras na tua boca...”
* Lc 4,44: “...eu
devo anunciar a boa-nova do reino de Deus também a outras cidades, porque para
isso é que eu fui enviado...”
* Lc 5,3: “Depois,
sentou-se e, da barca, ensinava as multidões”
* Jesus aplica a
si mesmo as palavras lidas na Sinagoga de Nazaré: Lc 4,18-19: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque
ele me consagrou com a unção para anunciar a boa-nova aos pobres; enviou-me
para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista;
para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor...”
* I Cor 1,1-2: S.
Paulo declara publicamente aos Coríntios: “Irmãos, que todo mundo nos considere
como servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. A esse
respeito, o que se exige dos administradores é que sejam fiéis... De fato, -
continua São Paulo poças linhas depois -Cristo não me enviou para batizar, mas
para anunciar o Evangelho – sem sabedoria de palavras, para não esvaziar a
força da luz de Cristo” (I Cor 1,17).
*por isso mesmo também nos enviou a evangelizar, antes
de tudo: “Ide pelo mundo inteiro, anunciar a todos a boa-nova e batizai a todos
em nome do Pai... Eis que eu vos envio
como ovelhas no meio dos lobos... Cristo
nos lança no mundo para anunciar a todos que o Reino de Deus está próximo. O risco é grande, mas a aposta
é bem superior e compensa qualquer
sacrifício e dificuldade.
- Atos dos Apóstolos: 5,41-42: “Os apóstolos saíram do
Conselho, muito contentes, por terem sido considerados dignos de injúrias, por
causa do nome de Jesus. E cada dia, no Templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e anunciar o evangelho de
Jesus Cristo”.
2.
Fica claro que a tarefa principal do Sacerdote não é celebrar os
sacramentos – inclusive a Eucaristia – e sim anunciar a boa-nova do evangelho
através de cursos, encontros, palestras, homilias, catequese, círculos
bíblicos, liturgia orante, atividades evangelizadoras as mais variadas, usando
todos os meios, inclusive eletrônicos, que estão a nossa disposição. Tudo deve
concorrer e favorecer o anúncio do evangelho. (Aí funciona a criatividade do
sacerdote, a pastoral verdadeira que leva as pessoas ao encontro com Cristo...).
É através dessas atividades que nasce a
fé nas pessoas e fica preparado o terreno para receber com proveito os
sacramentos que, inventados por Cristo, oferecem ao povo cristão a salvação,
pois eles são os canais que nos comunicam a salvação. Fica também preparado o
terreno para a construção de uma sociedade justa e fraterna, onde os valores
verdadeiros e perenes do evangelho formam o alicerce de uma sociedade especial
que Cristo chama de Reino de Deus.
3.
Encontrei algumas frases que dizem a grandeza do sacerdote e as
dificuldades do trabalho no meio do povo. Elas não são poesia, nem fantasia,
sentimentalismo em vista de uma comoção barata.
O SACERDOTE
O Sacerdote vive
e opera no mundo, mas não pertence ao mundo.
Ele é filho dos
homens,
mas tem a autoridade de fazer os homens ”filhos de Deus”.
Ele é (deve ser)
pobre,
mas tem o poder de comunicar aos irmãos riquezas infinitas.
É servo, mas na sua frente ajoelham-se
os Anjos.
É mortal, mas tem a tarefa de
transmitir a imortalidade.
Caminha sobre a
terra,
mas seus olhos estão fixos ao céu.
Colabora ao
bem-estar dos homens, mas não os tira da meta final que é o Paraíso.
- Ele pode fazer
coisas
que nem Maria e os Anjos podem fazer: pois ele celebra a Eucaristia e perdoa os
pecados.
Quando celebra, está uns degraus mais alto,
mas sua ação alcança o céu.
Quando perdoa, revela a potência de Deus,
que perdoa os pecados e devolve a vida.
Quando ensina, propõe a Palavra de Jesus:
“Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida”
Quando ora para nós, o Senhor o escuta,
porque o constituiu “Pontífice”, isto é ponte que une Deus e os irmãos.
Quando o acolhemos, se torna o amigo mais sincero
e fiel.
- Ele é o homem mais amado e mais incompreendido;
o mais procurado e o mais recusado.
É a pessoa mais criticada, porque
precisa confirmar com o seu exemplo a autenticidade da mensagem.
É o irmão
universal,
cuja tarefa é apenas a de servir, sem nada querer de volta.
- Se ele é santo, nós o ignoramos;
Se é medíocre, o desprezamos.
Se é generoso, o exploramos;
Se é “interesseiro”, o criticamos.
Se estamos na
necessidade, o procuramos;
Se acabam as
necessidades, o esquecemos.
- Somente
quando nos será tirado compreenderemos quanto nos era indispensável e precioso.
“Se eu
encontrasse ao mesmo tempo um Anjo e um Sacerdote, cumprimentaria primeiro o
Sacerdote, pois ele é “um outro Cristo” (São Francisco de Sales)
Efésios,
4,11-13:
“Cristo
instituiu alguns como apóstolos, outros como profetas, outros ainda como
evangelistas, outros, enfim, como pastores e mestres. Assim, ele
capacitou os santos para o ministério, para
edificar o corpo de Cristo, até que cheguemos todos juntos à unidade da fé
e do conhecimento do Filho de Deus, ao estado do homem perfeito e à estatura de
Cristo em sua plenitude”.
Efésios,
2,19-22:
“Já
não sois mais estrangeiros nem migrantes, mas concidadãos dos santos. Sois da
família de Deus. Vós fostes integrados no edifício que tem como fundamento os
apóstolos e os profetas, e o próprio Jesus Cristo como pedra principal. É nele
que toda construção se ajusta e se eleva para formar um Templo santo no Senhor.
E vós também sois integrados nesta
construção, para vos tornardes morada de Deus pelo Espírito”.
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