Caros e
caras, envio ao Bispo Dom João OMI e ao Vigário Geral Mons. Brito: por
conhecimento e para, se quiserem livremente, publicar no blog.
Envio ao
Padre Elio De Luca e às Irmãs Oblatas (não tenho endereço da Irmãs superiora de
São Luís à qual peço encaminhar) por conhecimento. Agradeço e desculpem. Um
abraço. Dom Carlo
NO FALECIMENTO DE
PADRE ANTÔNIO DI FOGGIA
In memoria
Poucos
dias atrás, dia 02 de abril de 2016, recebi uma mensagem via SMS, coisa que me
acontece poucas vezes. Não tenho muita intimidade com estes meios mediáticos
para mim sofisticados. Ignorância minha, mas... o que fazer? Normalmente é o
telefone que me avisa das coisas boas ou menos boas. Assim logo se sabe quem
está falando, o que está acontecendo, como aconteceu e, neste caso específico,
hora e lugar do enterro. O texto dizia, na língua italiana: “Hoje, ao
amanhecer, na casa do clero de Troia, passou à paz e à glória eterna Pe.
Antônio Di Foggia. Abraços, Rezemos e agradeçamos aos Senhor. Bênção”.
Pensei:
com certeza esta mensagem vem do Brasil. Mas Padre Antônio agora está na
Itália. O texto era em língua italiana. Só podia ser o Pe. Elio De Luca, amigo
de Padre Antônio, que quis avisar a mim também muito amigo do Pe. Antônio. Enviei
logo uma mail ao Padre Elio, mas não tive ainda resposta. A confirmação da
notícia veio do blog da Diocese de Zé Doca (Brasil): ele anunciava o
falecimento do amigo comum e amigo, muito amigo, da Diocese de Zé Doca.
Eu o
conheci e o encontrei, pela primeira vez, no fim do mês de novembro do ano
1974, ao chegar a São Luís e vindo diretamente da Itália para trabalhar como
missionário “Fidei Donum” com o Bispo Dom Guido Maria Casullo. Lembro muito bem
aquele encontro: eram 19 horas da noite, no Bairro Monte Castelo, na casa “Lar
Nazaré”. Era a casa “ponto de referência” dos Padres da Prelazia de Cândido
Mendes. Lá morava Dom Guido e , provisoriamente para recuperar a saúde depois
de uma doença, também Padre Antônio e algumas Irmãs entre as quais a Irmã
Luciana – irmã de sangue de Padre Antônio e Irmã Oblata do Sagrado Coração de
Jesus. Saudações, palmas de boas vindas, abraços ... janta e conversa
informal. Pela manhã, depois do café, o Padre Antônio me entrega uma máquina de
escrever dizendo: “Nós temos um Boletim mensal imprimido manualmente para
comunicar avisos, fazer umas reflexões...; ele deve ser enviado às Paróquias
depois de amanhã. Seria muito bonito o senhor escrever alguma coisa sobre a sua
viagem, as primeiras impressões sobre a Cidade que amanhã iremos visitar. Aqui
está a máquina e umas folhas. Deve ser em língua portuguesa. Dê o seu jeito”.
Este é o
Padre Antônio que eu conheci ao chegar ao Brasil. Ele tinha chegado seis anos
antes naquela imensidão do mundo que era a Prelazia de Cândido Mendes; ele mais
Padre Giovanni Scremin, Padre Dante Barbante, Padre Attilio Pedale, Padre
Luciano Gariglio, Padre Mário Racca e Dom Guido. Total de Km ² 33.000, apenas
10 vezes menor do que a Itália, com 20 Municípios e 350.000 moradores. O Padre
Antônio, com estes primeiros Padres “Fidei Donum”, foi um dos primeiros a levar
o Evangelho nestas terras, depois da presença evangelizadora dos Padres
franciscanos que, vindos Turiaçu montando burros e bois, passavam uma vez por
ano dando palestras, confessando, celebrando Missa, batizando, casando... e
indo para frente para outro povoado. O Evangelho ao pé da letra.
Hoje a
notícia do falecimento. Deu-me tristeza!
Pensei,
por um momento, de poder participar dos funerais, atravessando, do Norte ao
Sul, a Itália toda. Não deu: fiquei rezando pelo amigo e lembrando-o ao Senhor
e à infinita Misericórdia dele; desejando paz, serenidade, boa acolhida na casa
do Pai e no lugar preparado por Cristo a quantos o servem de coração sincero.
E
imaginei a grande festa que se estava realizando no Céu naquele momento.
O abraço
do Trindade Santa ao seu filho Antônio; o Pai olhando com carinho e com
alegria, bem nos olhos, Padre Antônio, que aguenta o olhar profundo e intenso e
agradecido do Pai; Padre Antônio com as mãos cheias de flores, sinais e
símbolos de tantas lutas, caminhadas de pé, de barco, de cavalo e... de carro
pelos campos e matas do Maranhão, está entregando ao Pai a prestação de um
trabalho-serviço de muitos anos em favor do povo de Turiaçu, de Cândido Mendes,
Godofredo Viana, Pilões, Turilândia; serviço feito de Encontros, Cursos sem
fim, Assembleias, Planos de pastoral, Iniciativas vocacionais para rapazes e
moças, Profissionalização de jovens nas EPAS (escolas para agricultores),
Escolas para formação à p resença de Leigos na política, nos Sindicatos, na
animação das Comunidades de Base, nas construções de Igrejas e Capelas para o
Culto, de casas para a moradia de Padres, Irmãs e pobres; sobretudo Padre
Antônio apresentando ao Pai um povo catequisado, numerosíssimo, que conhece,
agora, mais a Cristo, o ama, leva a notícia do amor dele (é o Evangelho) a
outros, que no meio da sociedade são sementes de valores e fermento de vida
nova.
Imagino o
abraço com a Irmã Luciana (irmã de sangue e também irmã consagrada na
“Congregação das Oblatas do Sagrado Coração de Jesus”), com a Irmã Tomásia e
outras: trabalharam juntos a serviço da Prelazia de Pinheiro antes, de Zé Doca
depois, voltaram para a Diocese de Pinheiro e agora novamente estão na Diocese
de Zé Doca, em Governador Nunes Freire e, enfim, novamente na Diocese de
Pinheiro.
Imagino o
abraço de Padre Antônio com o seu Bispo Dom Guido Maria Casullo, falecido em
janeiro de 2004: para ele Padre Antônio foi amigo, filho, conselheiro,
secretário, confidente nos momentos alegres (poucos) e nos momentos difíceis
(tantos). Era o tempo das lutas pelos problemas da terra, de exproprio injusto
de propriedades de lavradores, de injustiças pelas invasões e derrubamento de
casas do povo simples e humilde, de prisões arbitrárias... Padre Antônio sempre
esteve ao lado do Bispo Dom Guido. E nunca faltou o apoio do Presbitério.
Por isso
digo: a morte de Padre Antônio não deve nos levar à tristeza – que é normal,
pois os afetos humanos ficam quebrados -, e sim a uma festa solene pelo
encontro dele com a Trindade Santa, com Nossa Senhora e tantos santos,
acompanhado por uma longa procissão de povo que o reencontra, o abraça, o
agradece e torce por ele. É a festa que dá sentido ao nosso viver aqui na terra
fazendo o bem: “... estava com fome... estava com sede...”, precisava de
saúde, precisava de instrução, educação, conforto, conselho... e você estava
“presente” perto do menor dos meus.
O Padre
Antônio esteve presente - quer dizer artífice e articulador – na evangelização
do nosso povo nos vários momentos importantes de desenvolvimento da nossa
Diocese de Zé Doca.
Foi
presente quando parte do território da Prelazia de Pinheiro foi desligado e se
tornou Prelazia de Candido Mendes, com sede episcopal e Catedral naquela cidade
do Litoral: afinal os Municípios estavam todos no Litoral, rodeados de centenas
de povoados sem assistência religiosa ou certamente insuficiente. O restante do
território era simplesmente mata, floresta e pastagem.
Também
quando a mesma Prelazia se tornou Diocese de Zé Doca, Padre Antônio estava lá
prestando o seu serviço na articulação.
Foi
presente quando, devido à construção da BR-316 e consequente aumento da
população dos povoados ao longo da mesma, se percebeu a necessidade de transferir
a sede da Diocese para Zé Doca, a Cidade mais populosa, embora não
geograficamente central. O território da Prelazia tinha aumentado, por outros
motivos, recebendo os Municípios de Bom Jardim, Chapéu de Couro (agora
Governador Newton Bello) e Zé Doca mesmo.
Foi
presente quando, por causa da imensa dificuldade de comunicação entre a Cidade
de Turiaçu e a sede de Zé Doca, percebeu-se a necessidade de entregar esse
território para a Diocese de Pinheiro.
Uma
história à parte, e muito bonita, poderiam contar as Irmãs da “Congregação das
Oblatas do Sagrado Coração de Jesus”. Com elas trabalhou bastante e por muitos
anos; delas foi formador, animador, conselheiro, pai que amaram e foram
amadas.
Agora a
Diocese de Zé Doca tem um Bispo novo, forte, que leva á frente os projetos e
planos que Padre Antônio e outros (Bispos, Padres, religiosos/as e Leigos)
pensaram e acalentaram no coração.
Fala,
Padre Antônio, a Deus em favor desse povo bom; seja, para nós todos,
intercessor. Agradecemos-te, e... seja festa grande lá no céu.
Seja
feliz, Padre Antônio. Palmas para você e... nos aguarde.
Um abraço
de todos nós de Zé Doca, que foi o teu primeiro amor.
+ Carlo
Ellena - emérito
padre antonio foi muito corajoso eu chequei a conhecer ele.
ResponderExcluirpor que dom CARLOS enviou a quela CARTA PARA PADRE ANTONIO
ResponderExcluir