O aborto é uma ação tão má, antinatural e prejudicial que, para ser aceito na sociedade precisa de toda uma estratégia de ação, visando o convencimento das pessoas, que são levadas propositalmente ao erro. Quando surgiu o alarde a respeito do zika vírus e sua ligação com a microcefalia as pessoas atentas às estratégias antivida logo perceberam que uma nova fase deste plano estava sendo colocada em prática. Não demorou para a confirmação. Em poucas semanas figuras do governo, da mídia e do movimento feminista se apressaram e cobrar a liberação do aborto em caso de microcefalia.
Estratégia
Estamos diante de uma tática conhecida do movimento abortista: explorar casos de comoção social, primeiramente alardeando-os e, depois, no auge da ebulição das dúvidas angustiantes do momento, propor a legalização o aborto. A estratégia visa dois fins: 1) abrir um precedente para o aborto para um caso específico e, com isso, 2) ampliar as legalizações já existentes, de forma que, em determinado momento, dadas tantas legalizações pontuais, não haja mais por que não legalizar definitiva e totalmente o aborto.
Esta estratégia fora usada nos EUA, até a legalização do aborto naquele país. Em 1973 uma gestante entrou com um pedido de permissão para abortar, por estar grávida devido a um estupro. A disputa jurídica, conhecida como Roe x Wade, foi favorável ao aborto, gerando uma ação em cascata que, como dissemos, legalizou totalmente o aborto naquele país. Acontece que o caso foi premeditado, pois a mulher, Jane ROE, não havia sido estuprada. Ela admitiu que mentiu como estratégia para legalizar o aborto!
No Brasil acompanhamos recentes exemplos claros desta estratégia. Uma adolescente estuprada em Alagoinha, Pernambuco, em 2009, teve sua tragédia explorada ao máximo, finalizando com o aborto (embora os seus pais da jovem fossem contrários!). Também recentemente assistimos ao debate sobre a anencefalia (outra forma de má formação cerebral). Para não dizermos aqui da manipulação das células troncos embrionárias, também uma forma de aborto, apresentadas como salvação para as pessoas em cadeiras de rodas, o que já se comprova como infundado.
O imediatismo é outra característica desta ação premeditada. Após explorar um fato, com toda sorte da alarmismo na mídia, algum grupo logo se propõe a levar ao STF, a corte máxima da justiça brasileira, o pedido de legalização do aborto. Também isto é parte da estratégia. Propositalmente não se leva a questão ao legislativo, pois sabe-se que ali, onde há representantes eleitos pelo povo, a questão do aborto não passa, uma vez que a ampla maioria dos brasileiros é contrária ao assassinato de bebês. Leva-se a questão aos Ministros, cuja colegialidade atual foi quase toda apontada pelo Governo de esquerda que há anos governa este país e que tem no aborto um dos seus objetivos.
Em todos estes casos, no Brasil, nos Estados Unidos e no mundo afora há um padrão de ação: explora-se um caso grave, gera-se comoção social e busca-se a legalização do aborto para aquele caso (estupro, anencefalia, microcefalia, etc). Uma vez que a sociedade tiver aceitado várias exceções para a lei que proíbe o aborto, o cenário está pronto para sua legalização total no país.
Os interessados
Aqueles que estão ávidos em legalizar o aborto, usando das circunstancias que se apresentem no momento, não são pessoas ignorantes. São grupos financiados por grandes Fundações, geralmente Estadunidenses, que derramam rios de dinheiro nos países pobres para promover o controle populacional, para o qual o aborto tem uma função eminente. O argumento utilizado, entre outros, é que abortar crianças com deficiência é um “direito humano”. [1]
Une-se ao conluio das ONGs, Fundações e da mídia o próprio governo de esquerda do nosso pais que, com o então presidente Lula, já se comprometeu oficialmente junto à ONU com a legalização do aborto no Brasil[2].
O que estamos assistindo, como já denunciado em outros textos pró-vida, é a legalização da eugenia, ou seja, de uma limpeza racial. Definimos quem pode ou não nascer, segundo nossas conveniências financeiras e padrões estéticos. Ontem o direito de nascer foi negado às crianças com anencefalia, hoje aos com microcefalia e amanhã aos que não tem olhos verdes… Estamos regredindo como sociedade ao plano moral das tribos mais subdesenvolvidas, como de certos índios que matam seus filhos deficientes recém nascidos.
Mas e a realidade da microcefalia?
Ao denunciarmos a orquestrada tática de manipulação social que os defensores do aborto fazem, usando desta tragédia que é a microcefalia, não estamos de forma alguma relativizando-a. A microcefalia é algo muito sério, uma questão de saúde pública. Porém jamais o aborto, ou seja, o assassinato de um ser humano indefeso, deve ser o meio para sanar um problema, pelo simples fato que uma vida é digna, independente de suas condições. Além do mais, há outros fatores a ponderar:
– admitir o aborto nestes casos é, como já dito, aceitar a tática da indústria do aborto para legalizá-lo totalmente no país;
– muitas crianças com microcefalia terão uma vida muito saudável, como o caso da jovem que tornou-se jornalista[3]. Vamos abortar “preventivamente” todas estas crianças?
– ainda não está devidamente confirmado que o vírus zika é o causador da microcefalia; somente um número menor de casos teve esta confirmação.
– não podemos nos nivelar por baixo na luta contra enfermidades. Somos um povo altamente capaz, que deve usar de seus recursos financeiros e tecnológicos para vencer esta praga. Usando uma comparação, não se descriminaliza o assassinato como forma de combater a altas taxas de homicídio no país.
“Reivindicar o direito ao aborto e reconhecê-lo legalmente, equivale a atribuir à liberdade humana um significado perverso e iníquo: o significado de um poder absoluto sobre os outros e contra os outros. Mas isto é a morte da verdadeira liberdade.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 20)
Pe. Silvio Roberto, MIC
Diretor da Casa Pró-Vida Mãe Imaculada
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