Dom Fernando Arêas Rifan*
Acabo de participar, de 24 a 28 de janeiro, em Sintra,
Portugal, a convite, de um Congresso internacional para Bispos, com a presença
de cerca de 100 Cardeais e Bispos de diversas nacionalidades, promovido pelo Acton Institute, instituição
universitária voltada para estudos de economia e sociologia à luz da Doutrina
social da Igreja. O congresso deste ano intitulou-se “Igreja, Democracia e
Economia”.
E como neste ano de 2017, se celebra
o 100º aniversário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, Portugal, nós, os Bispos
deste congresso, fizemos, no dia 24 de janeiro, uma peregrinação especial ao
Santuário de Fátima. Foi emocionante e comovente celebrar este centenário no
próprio lugar das aparições aos Três Pastorinhos. Rezamos e nos consagramos ao
Imaculado Coração de Maria, colocando junto, é claro, de modo especial, todos
os meus sacerdotes e fiéis da nossa cara Administração Apostólica.
No congresso, explorando o tema,
falou-se sobre “a Igreja na era da democracia”, “a Doutrina Social da Igreja
Católica, a pobreza e o desenvolvimento humano integral”, e sobre o problema do
“Crony Capitalism” (capitalismo de amigos).
Sobre a Democracia, a Igreja ensina
que “o Estado de direito é a condição necessária para estabelecer uma autêntica
democracia. Para que esta se possa desenvolver, é necessária a educação cívica
e a promoção da ordem pública e da paz. Com efeito, não há democracia autêntica
e estável sem justiça social. Por isso, é necessário que a Igreja ponha maior
atenção na formação das consciências, prepare os dirigentes sociais para a vida
pública em todos os níveis, promova a educação cívica, a observância da lei e
dos direitos humanos e dedique um maior esforço para a formação ética da classe
política” (João Paulo II, Ecclesia in America, 56).
“Não se pode mitificar a democracia
até fazer dela o substituto da moralidade ou a panaceia da imoralidade.
Fundamentalmente, é um ordenamento e, como tal, um instrumento, não um fim. O
seu caráter moral não é automático, mas depende da conformidade com a lei
moral, à qual deve se submeter como qualquer outro comportamento humano... O
valor da democracia vive ou morre nos valores que ela encarna e promove” (J. P.
II, Evang. Vitae, 70).
Quanto ao capitalismo de amigos ou
clientelista, é um termo que descreve uma economia supostamente capitalista, na
qual o êxito nos negócios depende de uma estreita relação entre os empresários
e os funcionários governamentais. Entre suas expressões, se pode mencionar o
favoritismo na distribuição de licenças legais, subvenções do governo e
impostos especiais, por exemplo. Ele surge quando o clientelismo político se
mescla no mundo empresarial, quando as amizades interesseiras e os laços
familiares entre empresários e políticos influenciam na economia e na sociedade
na medida em que corrompe os setores públicos. Muitas vezes, os que querem
atacar o legítimo capitalismo ou economia de mercado, visam esse capitalismo
clientelista, perverso, que não se coaduna com a doutrina social da Igreja.
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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